Eternizado na mente e no coração de milhares de pessoas apaixonadas ou não pela Fórmula 1, Ayrton Senna colecionou os mais consagrados prêmios e colocações.
Insuperável profissionalmente e admirado como homem, piloto, amigo, filho e até mesmo como adversário, esse campeão realmente merece o título de mito do esporte.
Um exemplo de como as qualidades de Senna eram (e ainda são, na verdade) aplaudidas foi a revelação feita pelo ex-presidente da Ferrari, Luca di Montezemolo, que confessou o seu arrependimento de não ter contratado o piloto para representar a famosa fabricante de automóveis.
Ficou surpreso (a) com essa notícia? Não esperava que um dos principais arrependimentos da vida de alguém pudesse ser não ter dado uma chance para Senna? E se te falarmos que as portas da Ferrari, literalmente, já não haviam sido abertas para esse ídolo mundial outras vezes?
Pois é, após a revelação do ex-presidente de Ferrari, Luca di Montezemolo, a imagem de um novo relacionamento foi criada, assim como a necessidade de aproveitar as oportunidades antes que seja tarde, foi reforçada.
Quer saber mais sobre tudo o que aconteceu entre esses parceiros e imaginar os motivos das assinaturas de contratos nunca terem sido oficializadas? Então, continue a leitura e desvende os detalhes dessa relação que, se tivesse sido firmada, talvez, ter evitado a morte de um dos mais talentosos pilotos de Fórmula 1 durante o GP de San Marino, em 1994:
Relato de Luca di Montezemolo
Ao relembrar suas conversas com Senna, Luca di Montezemolo, ex-presidente da Ferrari, contou que, ainda antes do acidente fatal, o piloto o procurou e revelou o seu desejo de correr pela montadora de carros de luxo.
O prometido era que Senna abandonasse a equipe Williams para pilotar pela Ferrari e ao ouvir essa proposta, Montezemolo, que nunca escondeu a felicidade que teria em trabalhar com o campeão, sugeriu agendar uma próxima conversar após o campeonato marcado em Ímola e se despediu sonhando com a “cereja do bolo” que seria inserida com essa nova dupla.
Oportunidades que não voltam
Sabe quando duas pessoas parecem que nasceram para ficarem juntas, aquela velha história de metade da laranja? Então, para algumas pessoas, essa pode ser a ilustração perfeita da relação de Senna com a renomada marca Ferrari.
Afinal, o encontro promissor entre o piloto e o presidente italiano vigente da época, não foi o único que “bateu na trave” e que, infelizmente, não rolou.
A primeira oportunidade que poderia ter mudado os rumos de muitas vidas, foi registrada há cerca de 10 dez anos antes do ingresso de Senna na Fórmula 1, quando ele foi indicado pelo ex-campeão John Surtees, que assumiu seu encanto e surpresa diante de tanto talento observado na direção do tricampeão e escreveu a recomendação a Enzo Ferrari.
No entanto, o responsável pela Scuderia Ferrari, não seguiu o conselho e alegou que a idade de Senna não era adequada para uma boa contratação.
Porém, após alguns anos, Enzo reconheceu a performance de Senna e o convidou para um encontro, o qual, de acordo com sua biografia, não teve sucesso e culminou na divulgação de notas autorizadas pelo empresário, que questionou, inclusive, a certeza de Senna ser um bom homem.
Diante desse fato e dessa conclusão inesperada, tão certo como dois mais dois é igual a quatro, Senna não seria aceito na Ferrari enquanto Enzo continuasse responsável pelas contratações.
Foi então que, após o falecimento do responsável e a entrada de um novo chefe ferrarista, o Cesare Fiori, um novo convite para fazer parte da equipe surgiu. Entretanto, também não foi finalizado, dessa vez, devido ao cenário de rivalidade entre Senna e o também piloto, Alain Prost.
Propostas feitas por Fiorio
Ao longo de todos esses anos de possibilidades, Fiorio, que trabalho incansavelmente para trabalhar com Senna, relatou duas importantes conversas entre eles, ambas poucos meses antes do acidente. Em suma, se dependesse de Fiorio, o piloto seria contratado imediatamente, porém, outro obstáculo foi encontrado: Piero Fusaro, que ocupava a cadeira de presidente da Ferrari na época e deu preferência a Prost, o que deixou claro sua desistência pelo brasileiro.
Mas, essa aposta não seguiu os rumos esperados e, tempo depois, em 1991, Fiorio, Fusaro e Prost tiveram os seus nomes excluídos da fabricante e quem retornou ao posto de presidência foi o dono dos primeiros olhos que observaram e parabenizaram Senna: Luca di Montezemolo – e foi então que as cenas dos capítulos contados por Montezemolo aconteceram.
A partir de então, fatos cruciais foram registrados na biografia de Senna, entre eles:
- Conquista dos campeonatos de 1990 e 1991;
- Contratação pela Ferrari impossibilitada devido ao acordo assinado com Prost, que vetava essa admissão;
- Encontro com o importante consultor da Ferrari, Nick Lauda, para tentar encontrar uma diretriz que mudasse os fatos;
- Ciente de que Prost poderia optar pela Williams no próximo ano, Senna se reuniu com Jean Todt no final do ano de 1993 e reforçou o seu desejo de pilotar nos carros vermelhos da Ferrari, mas, ainda que Todt também assim sonhasse, o contrato continuou impossível;
- Aposentadoria de Prost, acordo fechado com o time inglês, mas sem vontade de permanecer atuando por ele;
- Enfim, três dias antes de sua partida desse mundo terrestre, a reunião contada por Luca di Montezemolo, a qual teve como desfecho a promessa de um novo encontro para alterar considerações e atender o desejo de Senna que, segundo o ex-presidente, era encerrar sua carreira frente a Ferrari – muitos ainda batem na tecla de que, nessa ocasião, um acordo verbal foi fechado.
Reler todos esses fatos e imaginar como foram esses encontros, os sonhos, as lutas, as frustrações, as esperanças, enfim, tudo o que envolveu a vida desse querido piloto, é ou não uma forma de aumentar o carinho, a admiração, o respeito e o amor por ele?
Se a história poderia ter sido melhor e se prolongado por mais dias, semanas, meses e anos? Talvez, se a ordem dos fatos tivesse sido alterado diante de uma única assinatura, sim. Entretanto, da forma que foi, a história de vida de Senna é eterna e inesquecível.
O que realmente aconteceu em cada uma dessas ocasiões somente os envolvidos sabem 100%, no entanto, o que não tem como negar é que reunir o poder da Ferrari e de Senna, seria um marco inesquecível e que, com certeza, seria também repassado por todas as gerações.
Nós, do Mundo Élie, lamentamos a ausência dessa parceria entre a Ferrari e Senna, mas nos sentimos privilegiados por assistir as atuações dessa dupla que, mesmo sem dar as mãos para pilotar o mesmo potente veículo vermelho, trilharam uma rota para ninguém colocar defeitos.